11 de junho de 2010

Lunar

"Uma brisa ergue-se do interior da terra e chega a mim, à consciência de mim: o meu rosto, os meus lábios, o meu corpo tocado por essa brisa.
Caminho por entre essa brisa a passar por mim, como se atravessasse uma multidão invisível.
A brisa, ao tocar os meus olhos, transforma-se em lágrimas que descem frias pelo meu rosto. Os meus lábios.
Sinto-as e sinto a memória das vezes que chorei o desespero parado, mais triste, de lágrimas que descem lentamente pelo rosto.
O tempo passa por mim como qualquer coisa que passa por mim sem que a consiga imaginar e as lágrimas, que eram apenas a brisa a tocar os meus olhos, começam a ser lágrimas de desespero verdadeiro..."


José Luís Peixoto, Lunar

4 comentários:

João Roque disse...

Acreditas que nunca li uma página do José Luís Peixoto?
Sou um inculto...

Frankenstakion disse...

Pinguim, vai já ler. Tenho aqui uns livros dele se quiseres. Ele é genial.

Mike disse...

Pinguim....shame on you! eheheh
Aceita a proposta do X.
Abraço.

Mike disse...

X, o JLPeixoto é realmente genial. Os ambientes, as histórias, a poesia dele é algo que se lê sem esforço.
Abraço.