Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago
Os Poemas Possíveis
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago
Os Poemas Possíveis
4 comentários:
Seria hipocrisia da minha parte, tecer louvores a Saramago, só porque faleceu.
Nunca gostei dele como ser humano e confesso que a sua obra literária nunca me seduziu.
A única coisa positiva que retiro da sua vida foi o facto de ter sido galardoado com um Nobel, o que é tão raro nos portugueses...
Mas ele também se considerava meio português, meio espanhol, sendo defensor do "iberismo".
Que descanse em paz.
Tal como tu, nunca tive qualquer simpatia a nível pessoal por Saramago e nem mesmo a obra dele me seduziu. O que li (e foram 2 livros) foi mesmo por obrigação para trabalhos na escola.
A sua obra foi reconhecida e foi um grande escritor. Fiquei contente quando ganhou o Nobel.
Pouco mais que isso.
Toda aquela questão que falas do "iberismo" e do "ser português" e outras questões político/partidárias e as suas "pancas" e polémicas, sempre me fizeram olhar para ele com alguma indiferença.
Por isso este post, é mais para assinalar a data do que outra coisa qualquer.
Paz à sua alma.
Que a sua obra e ideais sirvam de referência e inspiração aos inconformáveis que lutam contra a apatia e conservadorismos da sociedade...
José, vão-se os dedos...
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