2 de maio de 2011

Lusíadas...

...adaptado aos tempos modernos

I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas.
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano.
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!

(recebido por e-mail)

5 comentários:

João Roque disse...

Está óptimo.

silvestre disse...

Definitivamente a poesia do séc XXI em Portugal. Penosamente realista...

Mark disse...

Gostei imenso! Que imaginação a do autor!...
Sem dúvida que esta "versão século XXI" é mais cativante que a original... Sim, eu não gostei d'Os Lusíadas no 12º ano. LOL (:

Abraço.

Meia Noite e Um Quarto disse...

eu ao contrário do Mark gostei bastante dos Lusiadas no meu 8º, especialmente do Canto V, mas isso é outra história.
Oh pah no e-mail devia haver referência ao autor, porque isto está muito muito muito bom!!

Super Sónia disse...

fuck! lembraste-me que tenho que ir esudar para o exame de portugues! ate logo