É certo que não estamos em Janeiro e já não existem escudos. Fora isso este soneto de José Régio está tão actual como há 41 anos atrás.
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
José Régio, escrito em 1969
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
José Régio, escrito em 1969
5 comentários:
E não é que está mesmo?
Abracinho
chega ao ponto de ser assustador.
"O Decreto da fome é publicado"
Medo!!!!!!!!!!!!!!
em 110 anos o país nã mudou muito. é creepy no mínimo.
É realmente impressionante este soneto de Régio, quase premonitório.
Régio, é Régio e para mim tem sempre um apontamento para tudo.
Abraços.
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