A alcunha é apanágio da aldeia. Está dito e redito que a vida urbana fomenta relações impessoais; destrói os laços do parentesco, pulveriza os elos tradicionais, reduz as relações de vizinhança, esvazia o compradio.
No Alentejo, os grandes centros populacionais não deixam de ser aglomerados rurais, posto de parte o critério demográfico e tendo em linha de conta hábitos, tradições, costumes, modos de vida, fluxos migratórios internos, etc. É natural pois, que “o mau-nome” circule nas vilas e cidades mais populosas, como verdadeira instituição sócio-cultural. É porém, a aldeia o espaço privilegiado dos nomes falsos.
A alcunha marca, no Alentejo, os processos de comunicação e sociabilidade do mundo rural. A palavra alcunha deriva do árabe "al-kunia", significando sobrenome, cognome, e traduzia uma relação de paternidade. Tal vínculo parecer ter-se tornado, em geral, numa relação de filiação. Ou seja, identifica preferencialmente os descendentes a partir das alcunhas dos descendentes (ex: o filho do Seca-Adegas, a neta do Velho Xirol, a sobrinha do Capitão Nalguinhas, etc.).
Nalgumas localidades, utiliza-se a forma masculina, alcunho. Em certas zonas do Alentejo, nomeadamente no norte do distrito de Portalegre e em algumas povoações do distrito de Beja, utiliza-se o termo anexim com o significado de alcunha.
A título de curiosidade, refira-se que, em certas áreas do Brasil, apelido significa alcunha. Em determinadas povoações alentejanas, muitas pessoas fazem confusão entre apelido e alcunha, considerando os termos como sinónimos.
Anexim, alcunha, mau-nome, alcunho, nome falso, cognome, apelido, criptonímico, nomeada, todas estas expressões se referem à mesma realidade concreta e palpável que povoa o universo linguístico e simbólico de milhares de locutores, que se apoiam na palavra oral como instrumento privilegiado de comunicação.
Tratado das Alcunhas Alentejanas
Francisco Martins Ramos, Carlos Alberto Silva
Edições Colibri
No Alentejo, os grandes centros populacionais não deixam de ser aglomerados rurais, posto de parte o critério demográfico e tendo em linha de conta hábitos, tradições, costumes, modos de vida, fluxos migratórios internos, etc. É natural pois, que “o mau-nome” circule nas vilas e cidades mais populosas, como verdadeira instituição sócio-cultural. É porém, a aldeia o espaço privilegiado dos nomes falsos.
A alcunha marca, no Alentejo, os processos de comunicação e sociabilidade do mundo rural. A palavra alcunha deriva do árabe "al-kunia", significando sobrenome, cognome, e traduzia uma relação de paternidade. Tal vínculo parecer ter-se tornado, em geral, numa relação de filiação. Ou seja, identifica preferencialmente os descendentes a partir das alcunhas dos descendentes (ex: o filho do Seca-Adegas, a neta do Velho Xirol, a sobrinha do Capitão Nalguinhas, etc.).
Nalgumas localidades, utiliza-se a forma masculina, alcunho. Em certas zonas do Alentejo, nomeadamente no norte do distrito de Portalegre e em algumas povoações do distrito de Beja, utiliza-se o termo anexim com o significado de alcunha.
A título de curiosidade, refira-se que, em certas áreas do Brasil, apelido significa alcunha. Em determinadas povoações alentejanas, muitas pessoas fazem confusão entre apelido e alcunha, considerando os termos como sinónimos.
Anexim, alcunha, mau-nome, alcunho, nome falso, cognome, apelido, criptonímico, nomeada, todas estas expressões se referem à mesma realidade concreta e palpável que povoa o universo linguístico e simbólico de milhares de locutores, que se apoiam na palavra oral como instrumento privilegiado de comunicação.
Tratado das Alcunhas Alentejanas
Francisco Martins Ramos, Carlos Alberto Silva
Edições Colibri
6 comentários:
Nas minhas Ilhas de Bruma, não há família que se preze que não tenha a sua alcunha.
A nossa é os Carlotas e tudo porque o meu bisavô que se chamava José e como Josés há muitos, era o José que tabalhava para a Srª D. Carlota.
;)
Cadês
Almofariza
a pergunta é: qual é a tua? :)
Almofariza, a parte engraçada é mesmo saber a origem das alcunhas.
Neste livro que refiro, o Tratado das Alcunhas Alentejanas, o "significado" das alcunhas é explicado dessa maneira como o fez, no caso da sua alcunha.
Speedy, If I told you, I'd have to kill you!!! :-)
Nem sequer sou muito de alcunhas. Um dia que eventualmente nos conheçamos, vais perceber porque.
só perguntei porque o meu avô também tinha a sua, e que carinhosamente passou para os filhos. Gosto de pensar que também a posso tomar como minha :)
Nas Beiras também se utilizam muito as alcunhas e na zona dos meus pais fizeram lançaram também um livro do género e que depaois vem com a listagem das alcunhas todas da vila,é delirante! A minha família não tem nenhuma,pelo menos nenhuma que pegasse e passasse de geração em geração...Sei de uma tetra tia avó qualquer que era a falseia (porquê, não sei) e o meu avô que era o mestre,por ser professor (acho eu)...
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