Chegaram os champignys.Quem diz champigny's pode igualmente dizer avecs, franciscos, franceses d'Avintes que c'est tout la même chose.
O avec é o emigrante em França, espécimen bem mais castiço que o emigrante em qualquer outro ponto do mundo. Tem uma indumentária e maneira de falar e comportar-se que os distingue da demais fauna emigratória.
Se o casal de Avecs tiver mais de 50 anos então invariavelmente ele vestirá uns calções 3 tamanhos acima com uma camisa de manga curta metida por dentro dos calções, deixando a nu umas pernas tortas, atarracadas e muito branquinhas e cobertas com grosso manto de pelagem preta.. No pulso uma pulseira de ouro, bem grossa, daquelas que tem uma chapinha para se fazer uma inscrição. Nos dedos 2 ou 3 cachuchos (algo parecidos com os que usam os pimps nos EUA) e a inevitável paneleirinha debaixo do braço ou em torno da cintura. Para quem não sabe, a paneleirinha ou isabelinha, é aquela bolsa tipo pochette que os homens de muito mau gosto usam. Nos pés ostenta um chinelos ou sandálias em napa a imitar o couro, pondo à mostra umas horrorosas unhacas de pé muitos espessas e amareladas e uns cascos no calcanhar a necessitarem duma boa esfrega com pedra pomes.
A fêmea do casal inevitavelmente ostentará uma permanente muito apertada, dado ter sido feita na sexta-feira antes da partida de Champigny-Sur-Mer para terras lusas, para durar até ao fim das férias sem precisar de meter rolos na cabeça. Virá adornada com ainda mais ouro que o seu estimado esposo, sendo o ponto fulcral o cordão com uma custódia de meio quilo que traz pendurado ao pescoço. Usa daqueles vestidos leves de poliéster que compra nos grandes armazéns parisienses. Quem quiser chatear uma avec, é perguntar-lhe se comprou o vestido na "poubelle" (lixo) - é assim que os franceses designam esses armazéns, onde são despachados, aos portugueses e árabes, artigos que ninguém quis comprar há 15 anos atrás.
Logo na primeira segunda-feira após a sua chegada à terra natal, poderemos encontrar este casal no banco, com as promissórias e extractos bancários na mão, a reclamarem que o banco os está a roubar ou a duvidar das somas feitas pelo computador. No fim, em tom de ameaça, dirão ao funcionário que os atendeu que "Tiro já o meu dinheiro daqui!" ou então, virando-se para os outros clientes "Se não fossem os emigrantes a mandar dinheiro, vocês morriam todos de fome". Pois......
O Avec macho com entre 35 e 40 anos, usa o inevitável bigode à Sadam, adora vestir-se com o equipamento da Selecção Nacional de Futebol, ou então, pelo menos a camisola do Figo. Também adora camisolas de alças, com a qual podemos confirmar o seu belo bronzeado à trolha - sendo que o trolha tuga em França usa T.Shirt - e adorna o pescoço com um fio de ouro e uma medalha da cara de Cristo. Usa sapatilhas Le Coq Sportif (para dar um ar de gajo que conhece França) sem meias (nice..very nice). A respectiva esposa é adepta do uso de calções que lhe ficam a matar, realçando as pernas cheias de nódoas, derrames e varizes. Tal como no caso anterior, poderemos encontrar estes especímenes no banco, bem cedinho, na primeira segunda-feira de Agosto. Em seguida dirigem-se ao mercado atrás de sardinhas para assar.
O casal de Avecs com cerca de 30 anos é o meu preferido devido à contradição que encerram. Fazem um esforço danado por passarem por franceses. Já vestem razoavelmente..embora eles continuem a ter a tendência para a camisola do Figo. A paneleirinha é substituída por uma bolsinha à tiracolo e não falam tão alto...mas quando falam é sempre em Francês. Oh dis donc, alors.! Apesar do enorme esforço, acabam por sempre descair nos maus hábitos típicos da sua condição de Champigny. Na praia são o máximo. Eles, a mirarem descaradamente a mamocas às alemãs ou inglesas em topless na toalha ao lado. Elas a espalharem bronzeador que cheira sempre a côco nos 3 filhos com menos de cinco anos, enquanto admoestam o marido por estar a galar as bifas. Trazem a casa toda atrás deles para o areal. Sombreiro, 5 ou 6 cadeiras, a mala térmica com o almoço, lanche e bebidas, mesa de fechar, e...horror dos horrores, leitor de cassetes ou CD's, para tocarem os últimos sucessos do Tony Carreira ou dum qualquer cantor pimba francês. Como são generosos, gostam de partilhar a musica com toda a gente que está na praia. É vê-las a chamar pelo filho que fugiu para a água sem fazer a digestão:
- Jean Pierre, vien ici! .... Jean Pierre ! Vien ici tout de suit Jean Pierre!!!........... (repetir 5 vezes)......
Depois esgota-se-lhe a paciência...
- João Pedro sai já da agua, antes que eu vá aí e te rebente os focinhos! Ó meu filho da puta, não ouves eu a chamar por ti ?????
O Avec estaciona em qualquer lado e não quer saber de desgraças. Quando alguém lhe diz "Desculpe, mas o senhor está a estacionar em frente ao meu portão..." respondem com um "Ah bom ? E você vai sair? .. " se lhe respondes que não, mas que não pode estacionar frente ao portão, ele lá tira o carro, mas ao arrancar manda-te a boca "Olha lá, cabrão, se a merda do carro te estorvava! Fils de putain, vá te faire encouler".
O Avec conduz como um maníaco, e gaba-se que mesmo que mate alguém o seguro paga.
E as casas? Vale a pena falar nesses autênticos monumentos de homenagem à fabrica de Azulejos de Sacavém? Na minha zona, felizmente, a Câmara Municipal há mais de 20 anos teve o bom senso de proibir fachadas em azulejos e pinturas em cores que não sejam o branco, creme o ocre. Mas ainda temos, para regalo da vista, as casas construídas na época anterior a esta medida. Seis ou sete padrões diferentes de azulejos, casas verdes e azuis, cor de rosa e amarelas..
Até nos cemitérios, Meu Deus! Lá se encontram placas em acrílico, com flores garridas presas no meio do plástico, com os dizeres "À notre maman, nous t'aimons encore" " A notre frère on ne t'oubliera jamais"... Eu sei que o que conta é a intenção...mas não podiam ter uma intenção menos fatela e em português?
Dito isto, garanto-vos que, para mim, o mês de Agosto perdia metade da piada sem a presença da Avecada. Qual Sir Richard Attenborough na Selva Amazónica, adoro estudar esta fauna que migra sazonalmente para a Selva Lusitana.
Recebido por e-mail
O avec é o emigrante em França, espécimen bem mais castiço que o emigrante em qualquer outro ponto do mundo. Tem uma indumentária e maneira de falar e comportar-se que os distingue da demais fauna emigratória.
Se o casal de Avecs tiver mais de 50 anos então invariavelmente ele vestirá uns calções 3 tamanhos acima com uma camisa de manga curta metida por dentro dos calções, deixando a nu umas pernas tortas, atarracadas e muito branquinhas e cobertas com grosso manto de pelagem preta.. No pulso uma pulseira de ouro, bem grossa, daquelas que tem uma chapinha para se fazer uma inscrição. Nos dedos 2 ou 3 cachuchos (algo parecidos com os que usam os pimps nos EUA) e a inevitável paneleirinha debaixo do braço ou em torno da cintura. Para quem não sabe, a paneleirinha ou isabelinha, é aquela bolsa tipo pochette que os homens de muito mau gosto usam. Nos pés ostenta um chinelos ou sandálias em napa a imitar o couro, pondo à mostra umas horrorosas unhacas de pé muitos espessas e amareladas e uns cascos no calcanhar a necessitarem duma boa esfrega com pedra pomes.
A fêmea do casal inevitavelmente ostentará uma permanente muito apertada, dado ter sido feita na sexta-feira antes da partida de Champigny-Sur-Mer para terras lusas, para durar até ao fim das férias sem precisar de meter rolos na cabeça. Virá adornada com ainda mais ouro que o seu estimado esposo, sendo o ponto fulcral o cordão com uma custódia de meio quilo que traz pendurado ao pescoço. Usa daqueles vestidos leves de poliéster que compra nos grandes armazéns parisienses. Quem quiser chatear uma avec, é perguntar-lhe se comprou o vestido na "poubelle" (lixo) - é assim que os franceses designam esses armazéns, onde são despachados, aos portugueses e árabes, artigos que ninguém quis comprar há 15 anos atrás.
Logo na primeira segunda-feira após a sua chegada à terra natal, poderemos encontrar este casal no banco, com as promissórias e extractos bancários na mão, a reclamarem que o banco os está a roubar ou a duvidar das somas feitas pelo computador. No fim, em tom de ameaça, dirão ao funcionário que os atendeu que "Tiro já o meu dinheiro daqui!" ou então, virando-se para os outros clientes "Se não fossem os emigrantes a mandar dinheiro, vocês morriam todos de fome". Pois......
O Avec macho com entre 35 e 40 anos, usa o inevitável bigode à Sadam, adora vestir-se com o equipamento da Selecção Nacional de Futebol, ou então, pelo menos a camisola do Figo. Também adora camisolas de alças, com a qual podemos confirmar o seu belo bronzeado à trolha - sendo que o trolha tuga em França usa T.Shirt - e adorna o pescoço com um fio de ouro e uma medalha da cara de Cristo. Usa sapatilhas Le Coq Sportif (para dar um ar de gajo que conhece França) sem meias (nice..very nice). A respectiva esposa é adepta do uso de calções que lhe ficam a matar, realçando as pernas cheias de nódoas, derrames e varizes. Tal como no caso anterior, poderemos encontrar estes especímenes no banco, bem cedinho, na primeira segunda-feira de Agosto. Em seguida dirigem-se ao mercado atrás de sardinhas para assar.
O casal de Avecs com cerca de 30 anos é o meu preferido devido à contradição que encerram. Fazem um esforço danado por passarem por franceses. Já vestem razoavelmente..embora eles continuem a ter a tendência para a camisola do Figo. A paneleirinha é substituída por uma bolsinha à tiracolo e não falam tão alto...mas quando falam é sempre em Francês. Oh dis donc, alors.! Apesar do enorme esforço, acabam por sempre descair nos maus hábitos típicos da sua condição de Champigny. Na praia são o máximo. Eles, a mirarem descaradamente a mamocas às alemãs ou inglesas em topless na toalha ao lado. Elas a espalharem bronzeador que cheira sempre a côco nos 3 filhos com menos de cinco anos, enquanto admoestam o marido por estar a galar as bifas. Trazem a casa toda atrás deles para o areal. Sombreiro, 5 ou 6 cadeiras, a mala térmica com o almoço, lanche e bebidas, mesa de fechar, e...horror dos horrores, leitor de cassetes ou CD's, para tocarem os últimos sucessos do Tony Carreira ou dum qualquer cantor pimba francês. Como são generosos, gostam de partilhar a musica com toda a gente que está na praia. É vê-las a chamar pelo filho que fugiu para a água sem fazer a digestão:
- Jean Pierre, vien ici! .... Jean Pierre ! Vien ici tout de suit Jean Pierre!!!........... (repetir 5 vezes)......
Depois esgota-se-lhe a paciência...
- João Pedro sai já da agua, antes que eu vá aí e te rebente os focinhos! Ó meu filho da puta, não ouves eu a chamar por ti ?????
O Avec estaciona em qualquer lado e não quer saber de desgraças. Quando alguém lhe diz "Desculpe, mas o senhor está a estacionar em frente ao meu portão..." respondem com um "Ah bom ? E você vai sair? .. " se lhe respondes que não, mas que não pode estacionar frente ao portão, ele lá tira o carro, mas ao arrancar manda-te a boca "Olha lá, cabrão, se a merda do carro te estorvava! Fils de putain, vá te faire encouler".
O Avec conduz como um maníaco, e gaba-se que mesmo que mate alguém o seguro paga.
E as casas? Vale a pena falar nesses autênticos monumentos de homenagem à fabrica de Azulejos de Sacavém? Na minha zona, felizmente, a Câmara Municipal há mais de 20 anos teve o bom senso de proibir fachadas em azulejos e pinturas em cores que não sejam o branco, creme o ocre. Mas ainda temos, para regalo da vista, as casas construídas na época anterior a esta medida. Seis ou sete padrões diferentes de azulejos, casas verdes e azuis, cor de rosa e amarelas..
Até nos cemitérios, Meu Deus! Lá se encontram placas em acrílico, com flores garridas presas no meio do plástico, com os dizeres "À notre maman, nous t'aimons encore" " A notre frère on ne t'oubliera jamais"... Eu sei que o que conta é a intenção...mas não podiam ter uma intenção menos fatela e em português?
Dito isto, garanto-vos que, para mim, o mês de Agosto perdia metade da piada sem a presença da Avecada. Qual Sir Richard Attenborough na Selva Amazónica, adoro estudar esta fauna que migra sazonalmente para a Selva Lusitana.
Recebido por e-mail
10 comentários:
tão bom! E no facebook - mesmo já estando a morar há anos em Portugal - continuam a escrever tudo em francês.
Mas vá lá, já não dizem "quero um verre d'eau bem fresquinha" ou "estava a ver que nunca mais arrivávamos"...
Está sensacional, fartei-me de rir.
Adorei... ^^.
Tenho a dizer que o casal de avecs da terra dos meus pais são gente educada. Uma raridade!
Anónimo, nós os tugas temos essa capacidade de assimilar bem os idiomas.
Por exemplo, não é preciso muito para que um tuga comece a falar "brasileiro".
João, já assisti, à saida de uma piscina, um casal de "avecs" que passou toda a tarde a falar francês.
A filha mais nova estragou tudo à saída quando disse: "Mãe, tenho o cu todo molhado". :-)
Ferreira, obrigado pela visita.
Volta sempre.
Hugo, não generalizemos. Isto é uma caricatura...embora existam na realidade, há muitos avecs que escapam à descrição.
Só o exemplo do João Pedro é que não foi o melhor...na minha versão, há uma miúda que vai a correr na rua:
_ Mãe: Kátia Kárina tu vá tombé!!!
Kátia Kárina TU VÁ TOMBÉ!!!!
Kátia Kárina caí...e aí...a piada é aquela :-P
(aquela minha questão com os palavrões lol)
00:15, Kátia Kárina é jolie! :-)
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