[Antes de começarem a ler, apenas relembrar que estamos em 2011 e que a notícia é de ontem.]
Desconfiou das saídas do filho à noite. Seguiu-o ontem de madrugada e quando o viu entrar num bar gay, no Porto, chamou as autoridades. Três horas depois, quis entregar o filho, com 15 anos, na esquadra da PSP de Valadares, acusando-o de ter más companhias.
Pouco passava das três horas da madrugada de ontem quando a chamada de um pai alarmado e transtornado caiu na 1.ª Divisão da PSP do Porto. Motivo: alegadamente, acabava de ver o filho menor, com 15 anos, a entrar no Pride, no Porto, um bar/discoteca composto por um público maioritariamente homossexual.
De 49 anos, o homem aguardou pacientemente na Rua do Bonjardim, junto ao Marquês, pelas autoridades. Soube o JN que, chegada uma viatura da 9.ª esquadra, pai e filho, residentes em Valadares (Vila Nova de Gaia) entraram numa troca azeda de argumentos.
De um lado, o progenitor que se mostrava chocado com a descoberta da alegada orientação sexual do filho e das "más companhias" nas suas incursões nocturnas pelo Porto, razão pela qual o havia seguido desde casa. Do outro, um adolescente que terá acusado o pai de se ausentar de casa, ser violento para com a mãe e ter levado uma vida a licenciar-se.
Resumindo, os agentes da PSP limitaram-se somente a questionar o facto mais concreto da sua chamada até ao local - um menor que entrou numa discoteca para maiores de 18 anos.
Porém, o episódio não se ficou por aqui e ganhou contornos ainda mais conflituosos. Já às 6.30 horas, o pai pegou no filho e enfiou--o na esquadra da PSP de Valadares. Ao que o JN apurou, o homem terá pedido aos agentes de turno que ficassem com o menor e o encaminhassem para a Segurança Social, alegando que "más companhias" o tornaram violento em casa.
O pai terá sido então informado de que não poderia ser realizado um auto de notícia, tendo em conta que o artigo 152.º, sobre violência doméstica, apenas poderia ser alegado em casos de duas pessoas maiores de idade. Contudo, a PSP activou o serviço de emergência social - de modo a ser solucionado um albergue para o menor.
Só que, devido aos 15 anos do adolescente, este já se encontraria no patamar da autonomia no que toca a poder ser institucionalizado. Daí que, perante a impossibilidade da esquadra de Valadares lhe ficar com o filho, para ser encaminhado para uma instituição, o homem acabou por sair da Polícia acompanhado pelo menor.
Segundo Dulce Rocha, ex-presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, "não há qualquer fundamento para alguém dizer que não se quer mais responsabilizar por um filho".
"Os pais têm deveres de assistência parental, como a alimentação e outros. Não se pode dizer "Já não quero assumir as minhas funções parentais". Agora, se essa vida em comum se deteriorar, talvez seja melhor optar-se por um outro acolhimento familiar", reagiu Dulce Rocha, ao JN, perante este caso.
3 comentários:
Gostava que o nome deste individuo fosse tornado público, para se poder dizer-lhe nas trombas que é um estupor, um exemplo daquilo que não é ser pai.
Tudo isto me enoja.
a contextualização temporal é importante para cairmos na realidade. e esta realidade é tão homem-das-carvernas sem inteligência e coração que dói.
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